Imóvel é caro! A gente não precisa se iludir achando que vai dar pra fazer muito com pouco. Sabe aquela história do bom, bonito e barato. Isso não existe.

Ou talvez seja muito, muito raro.

O segredo para o processo ser menos estressante e fazer sentido é saber o que você precisa e o quanto aquele espaço pode te oferecer.

Um bom design não se trata de beleza, unicamente – muito embora essa seja a realidade apresentada em peso à nós. Um bom design facilita a sua vida e te permite viver a sua rotina, seja ela qual for.

Um grande, grande erro, que antes de saber do lado técnico eu também cometia, é achar que se existe feito em algum lugar também dá para ser feito no espaço que eu quero. Mas, não é bem assim! Quem está acompanhando o processo da casinha pelo instagram da mercê viu o nosso dilema com a cozinha, o espaço é reduzido e os cenários que criamos lá só foram aprovados depois de dias planejando e “des-planejando” layouts.

Como faz então para que o resultado depois de tanto tempo e dinheiro investido seja assertivo?

Anota, que tem muita dica boa.

-> Saber quanto tempo você pretende morar na casa é muito importante.

Ir levando a vida é ótimo, mas planejar os próximos anos pode te ajudar na hora de não gastar 2 vezes com a mesma coisa.
É claro que sempre existe a possibilidade de ter que sair do imóvel, em especial se a casa é alugada. Mas, imaginar a sua vida durante os próximos anos naquele lugar pode te salvar de possíveis questões futuras.

Se, estamos construindo uma casa para um casal que hoje tem 40 anos e eles pretendem morar na casa até o resto da vida, temos que considerar que, em algum momento, as escadas não serão tão confortáveis, os armários altos não serão tão acessíveis, os pisos escorregadios podem se tornar um problema (…)

Se estamos reformando um imóvel para alguém que tem 30 e pretende ter filhos, precisamos incluir esse pequeno na realidade. Móveis planejados com quinas, mesas que possam virar, circulação dificultada, altura da cristaleira (…)

E qual é a grande questão? Quando esses detalhes, que com o tempo passam a ser primordiais, não foram previstos, a rotina, circulação e funcionalidade da casa perde o sentido, e neste momento tudo deve ser (re)pensado.

Sempre é possível adaptar uma casa? Claro que não. E por vezes nem queremos. as referências e gostos mudam e se casa é para ser o espaço onde podemos nos expressar, logo, o lar também deve acompanhar a mudança dessa pessoa.

O que nos leva a outra questão:

-> Conheça a sua personalidade.

Saber da sua personalidade não é saber qual é o seu estilo de decoração preferido, definitivamente não. Saber de si é saber o quanto você é tradicional e seguro e, o quanto gosta de aventuras e mudanças; é saber se – assim como eu – você gosta de mudar as coisas de lugar, ou se “ok” que o seu quarto seja sempre o mesmo.

Lembra, casa é caro e não é inteligente investir um valor alto em coisas que não possam te acompanhar – não pela suas próximas possíveis casas, mas acompanhar a sua personalidade, de fato.

Se eu sei que fico 6 meses olhando para uma parede e já quero mudar, vale a pena eu fazer uma super estrutura que não sairá de lá nunca? Talvez obras que possam ser trocadas por outras, talvez boiseries que possam ser pintados, talvez quadros ou nichos, ou decorações que possam ser re-organizadas, mas não uma super estrutura.

Em compensação se sei que gosto de coisas grandiosas e robustas, vale a pena eu deixar uma parede que tenha peso na casa em branco?

Eu não sei, esses são questionamento que só você pode fazer, e só sendo realmente sincero vai conseguir aumentar suas chances de acerto.

-> Saiba a sua rotina.

… Ou pelo menos tenha noção do que te faz bem.

Eu defendo o tempo todo e continuarei defendendo: casa boa facilita a nossa rotina.

Se você gosta de acordar de manhã vendo o sol nascer, porque a janela do seu quarto ficaria do lado onde o sol se põe? O contrário também é válido.

Se você gosta de tirar seu calçado antes de entrar em casa, tirar o casaco, lavar as mãos (…) porque a lavanderia seria no fundo da casa sem nenhuma ligação com a porta de entrada?

Essas são questões que não estão óbvias, escritas em qualquer lugar, ou apresentadas como necessárias, mas as vezes a gente precisa pensar além das inspirações que vemos. Por isso …

-> Não confie na possibilidade de executar tudo o que o pinterest te apresenta.

Conseguir se inspirar e imaginar a sua casa é, quase, uma terapia. Sabe aquela sensação que temos de renovação (que eu chamo de sensação de segunda, mas que não faz sentido pra todo mundo, por óbvio) isso é o que sentimos quando estamos pensando na nossa casa.

Mas, nem sempre conseguiremos ser fiéis.

Em alguns momentos não teremos os produtos, em outros a mão de obra para executar pode ser muito cara, e talvez em algum ponto da situação pode se tornar inviável. Logo:

-> Seja adaptável.

Não dá para desabar cada vez que o projeto começa a dar errado. A intenção, se você tem um profissional ao seu lado, é justamente diminuir as chances de erro, mas acontece. O cano pode estar no “lugar errado” na hora que você quebrar uma parede, o piso antigo de madeira pode ter cupim, a estutura pode estar comprometida, a parede pode ser estrutural (…) essas coisas acontecem.

O que você faz? Encontra soluções que se adequem ao que você precisa mesmo que não seja o que estava na sua mente no primeiro momento.

Embora todos precisemos morar em algum lugar, construir, reformar, comprar ou alugar um espaço que vai ser o seu lar, que vai abrigar a sua vida e facilitar a sua rotina é um poder, que poucas pessoas, na verdade, têm.

Não desvalorize o seu privilégio e chance de fazer algo que as vezes não está nem no plano de sonho de outras pessoas, tenha carinho pelo processo. E paciência. Eu sei que vai ser difícil, mas tudo bem, porque quando estiver pronto vai ser incrível.

E eu vou amar saber que esse conteúdo de, alguma forma, te ajudou!

Enquanto isso, tem muita dica boa aqui @merce.design

Um abraço,
Eliziê Ribeiro.

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