Nos últimos 6 meses minha caixa de e-mail sabe pouco sobre outras coisas que não sejam imóveis para alugar. Depois de tanto tempo procurando o imóvel “ideal” acho que nem as plataformas que consumo acreditam que eu consegui encontrá-lo.
Por que sou muito perfeccionista? Não tanto, moro em uma casa de 100 anos, não dá pra ser muito detalhista em uma casa de madeira construída em outro século, concordam? Mas porque eu tinha bem claro as “brigas” que eu queria comprar a as que eu queria distância.
E quando eu defendo que se conhecer é o segredo para fazer, inclusive, a sua casa funcionar, não estou sendo modesta.
Ter uma tabela do que eu precisava que o imóvel tivesse, do que eu queria mas não fazia questão e do que o imóvel não podia ter, foi crucial para eu não me render ao cansaço de procurar imóveis ou aos imóveis que, no meio do caminho, me enchiam os olhos, mas que depois eu percebia que 3 meses naquela casa e eu teria me arrependido amargamente.
Ninguém me contou o que eu tinha que fazer. Eu só aprendi depois de alugar um stúdio de 33 metros quadrados, pagar caro por isso e mesmo assim não conseguir construir, por 13 meses, uma rotina que realmente me fizesse bem e que funcionasse para a nossa família.
E acreditem: toda casa precisaria facilitar nossa rotina.
Parte boa? eu aprendi!
A gente sabia que não queria barulho, e mesmo as casas lindas que encontramos não nos fizeram mudar de ideia. Acredite em mim, vai acontecer. Você vai encontrar um imóvel como você imaginava, vai dar até para executar aquela ideia do pinterest que você salvou na pasta “inspirações para o novo ap.” mas esse apartamento vai ser de frente para o barzinho mais pop do bairro, e depois de 3 meses ali você vai querer fugir e cancelar a sua conta no pinterest, que nem tinha nada a ver mas te influenciou.
Nem sempre a gente pode confiar na intuição, às vezes tem que ser racional mesmo.
É, quase, impossível encontrar um imóvel que tenha tudo o que você colocou na lista de “desejos” – e ela nem é a mais importante das listas- e, pode ser, que você esteja perdendo uma oportunidade bacana por se ater à detalhes.
Isso quer dizer que não precisa ser criterioso? Muito pelo contrário, isso quer dizer que você precisar saber das questões e além disso conseguir pensar fora da caixa. Saber pesar.
Moramos em uma casa com quintal e é uma delícia. Todos os dias pássaros vêm cantar aqui no pórtico e sabe o que isso significa? Que a nossa sacada nunca está limpa por inteiro. Como faz? Coloca na balança. Esse contato com o natural era um dos desejos e a consequência disso é ter que: ou limpar mais a casa ou ser mais maleável.
A gente está feliz na casa, e definitivamente, sou mais maleável.
Em cidades grandes dois imóveis com características parecidas podem variar muito de valor “só” pelo bairro em que estão localizados. Isso é óbvio. Mas o óbvio nem sempre é tão óbvio.
Nós visitamos imóveis que, por serem novos estaria em um valor ok, para um bairro melhor, mas não para onde ele estava localizado.
Se você sabe a média de valores das casas na sua e em outras regiões isso te dá um espaço, e não pequeno, para negociar. O que é muito importante!
Enquanto eu pagava R$ 1400,00 reais em um stúdio de 33 m² descobri imóveis maiores, próximos por R$ 1200,00.
A gente sempre acha muita coisa. Mas na verdade não nos atemos, suficientemente, àquilo que, provavelmente, vai ser a causa do problema – caso ele chegue à acontecer.
Eu achava que o espaço pet que existia no meu condomínio estava ok, e depois de 6 meses descobrimos que ele não estava previsto na convenção. Primeira coisa que fiz? Corri no contrato para ver o que tínhamos combinado, resultado? Não tínhamos combinado! Eu achava que se eu vi ou ouvi estava certo, mas não estava e isso resultou em mais 7 meses de muitas dores de estômago e descidas de elevador para ir até a praça.
Um conselho de Eliziê versão designer de interiores: saia “caçando” problemas.
Abra as torneiras, os armários, arraste os móveis, joga água no ralo, testa a água quente, vá de noite no local, conversa com um vizinho pra saber como as coisas são por ali (…) a regra conhecida é que se pode dar problema, vai dar problema.
E bom, nem sempre tem como lutar contra isso. Você só fica na vantagem quando já sabe quais são os possíveis problemas e antes mesmo de eles se tornarem uma questão, você expõe, negocia e sai na frente.
Casa nova não é sinônimo de melhor casa. Então não iluda o seu coração achando que um apartamento novo é o suficiente para que você viva no espaço que sonhou.
Não falando de problemas técnicos, mas de potencial, uma casa pode ajudar ou atrapalhar tudo aquilo que você sonha e não tem nada que não possa ser acertado, você só precisa estar ciente disso.
Todas as vezes que eu via um anúncio e visitava o imóvel, que poderia vir a ser o meu futuro lar, eu já começava a imaginar as possíveis soluções para adequar aqueles espaços à rotina que eu iria querer criar. Talvez ser designer de interiores tenha me dado alguma vantagem de análise e conhecimento, mas independente disso sejam realistas quanto às soluções e se você não consegue imaginá-las convide alguém que possa te ajudar.
Em um primeiro momento é exigido de nós muito mais praticidade do que estética. Isso quer dizer que, antes de pensar na cor das paredes, nos quadros e na coleção de peças das viagens que você já fez é preciso entender se o proprietário aceita que as paredes sejam pintadas, se a parede suporta às prateleiras e se terá espaço para a sua cristaleira com as peças do seu coração.
Nada disso me foi ensinado. Foi com a cara e coragem que a gente se aventurou e aguentou as pontas em um local que não nos fazia bem em prol do próximo que iria nos acolher e que iríamos transformar em lar. Eu espero, de coração, que o seu processo seja mais leve ou ao menos mais fácil com todas as coisas que pontuamos aqui, e pra te ajudar tem muito conteúdo bom aqui (@merce.design)
Um abraço,
Eliziê Ribeiro.